Sempre senti que existe algo místico nos esportes que pratico, e lembro bem da primeira vez que fiz a "volta da serra". Um pedal que consiste em, no meu caso, sair de Canela, passar por São Francisco de Paula, descer até Taquara, chegar em Três Coroas, e a partir dali começar a subir até Gramado, retornando à Canela no final. São quase 100 quilômetros, um pedal longo e intenso.
Naquele dia, enquanto o vento soprava suave e eu estava nessas descidas longas e que não demandam tanta atenção, senti que o tempo caminhava lento. Mesmo que em alta velocidade, tudo ao redor se movia devagar, havia tempo para observar cada detalhe, tempo para contemplar e agradecer. Então, pensei: Isso é yoga.
Me dei conta de que o ciclismo (assim como todos os esportes) tem com o yoga algo em comum — a possibilidade de praticar a presença. Quando estou realmente conectada, seja pedalando ou em uma prática de yoga, entro nesse estado onde o presente é tudo que existe. Aceito cada coisa como ela é, sem julgamentos, só vivendo o momento.
Não importa se estamos lidando com uma subida forte ou respirando fundo em um āsana, quando estamos inteiros ali, surge essa sensação de perfeição. Acredito que é nesse estado que nossos potenciais se manifestam e toda a energia que flui através de nós é direcionada para os caminhos certos, sem bloqueios, apenas o fluxo. São pequenos momentos perfeitos que passam voando mas são sentidos como eternos.
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